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Bandeira Vermelha: brasileiros pagaram R$ 6 bilhões a mais na conta de luz em 2015

Hidrelétricas secas e termelétricas ligadas o ano todo deixaram a conta de luz mais cara. Da bandeira vermelha à tarifa de energia, tudo fez a conta subir.


Há algum tempo, a cada conta de luz que chega em nossas casas, vemos seu valor subir e subir, sem parar. Até tentamos apagar uma luz aqui, desligar um aparelho ali, mas a conta teima em ficar mais cara. Quase R$ 6 bilhões foram desembolsados pelas residências brasileiras durante 2015 só para pagar a bandeira tarifária – que desde que começou a valer, em janeiro, nunca saiu do vermelho.


Pelas cores verde, amarelo e vermelho, a bandeira tarifária indica a cada mês a situação da geração de eletricidade no país. Quando muitas usinas térmicas, movidas a combustíveis poluentes, como o diesel e o óleo combustível, são acionadas, o custo para gerar eletricidade é mais alto. A bandeira, então, fica vermelha e esse custo é repassado aos consumidores.


Mais de 60 milhões de residências estão incluídas nesse sistema. Há também comércios, indústrias e outros consumidores que fazem parte das bandeiras. Por isso, o valor destinado à conta das bandeiras tarifárias ultrapassa os R$ 6 bilhões que saem das nossas casas.


O valor da bandeira vermelha mudou ao longo do ano e atualmente custa R$ 0,045 por cada kWh consumidos. Parece pouco, mas significa que cada residência pagou em média R$ 7,33 a mais por mês na sua conta de luz. Ao ano, são R$ 88. Isso, sem considerar a tarifa de energia, que também aumentou, e os impostos incluídos na conta.


Ao longo de 2015, a tarifa residencial de energia no Brasil subiu em média 30%. Se voltarmos a maio de 2013, quando a conta começou a subir, veremos um aumento de 63%. “Em algumas cidades, como São Paulo e Porto Alegre, a tarifa chegou a dobrar”, comenta Larissa Rodrigues da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace.


Além de tornar nossa conta de luz mais cara, o acionamento das termelétricas, causou nos últimos três anos um aumento de 25% nas emissões de gases de efeito estufa (CO2) associadas à geração de eletricidade.


Tudo isso é o resultado de um modelo baseado na geração de eletricidade por hidrelétricas e usinas termelétricas movidas a combustíveis fósseis. Hoje, quando falta água e as hidrelétricas falham em entregar energia, pagamos a (alta) conta e as emissões de CO2 aumentam. É mais do que necessário, portanto, que tenhamos uma matriz energética diversificada, contando com a energia do sol e dos ventos – hoje já competitivas no mercado e que precisam de incentivos do governo para crescer mais rápido.

Está ruim, e vai piorar

Já não bastasse a bandeira constantemente vermelha e as tarifas que sobem sem parar, outros aumentos na conta de luz estão por vir. Na última semana, o Senado aprovou a Medida Provisória 688, que, entre outros pontos, permite que seja repassado ao consumidor os custos extras que são gerados quando as hidrelétricas não conseguem entregar toda a energia que se comprometeram. Isso está previsto nos contratos das empresas de energia.


“Para o consumidor os aumentos estão vindo de todos os lados. Pagamos a mais pela bandeira tarifária, pagamos a mais pela tarifa que não para de subir e vamos pagar pela seca que afeta as hidrelétricas” afirma Larissa. A MP 688 foi aprovada pelo Senado na noite do dia 24 de novembro e no momento aguarda sanção presidencial.

Participação Chinesa no Setor Elétrico

A aprovação da MP 688 pelo Senado deu sustentação legal para que o governo realizasse um leilão para 29 usinas hidrelétricas que estavam com seus contratos de concessões vencidos (saiba mais sobre essa história aqui). A aprovação foi uma forma de autorização para que o governo cobrasse um valor pela outorga dos novos contratos. Sem ela, o leilão teria que ser remarcado. Assim, o governo levou R$ 17 bilhões das empresas que arremataram as hidrelétricas. Desse valor, R$ 13 bilhões virão apenas da empresa chinesa Three Gorges.


As 29 usinas hidrelétricas contratadas no leilão somam 6.061 MW de potência instalada. A Three Gorges agora tem uma concessão de 30 anos para as hidrelétricas de Ilha Solteira e Jupiá, que eram de controle da CESP e somam 4.995 MW de potência instalada.

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